terça-feira, 30 de setembro de 2008

Lisboa com Luiza: o criptopórtico

Aqui um registro do final de semana estendido... fui pra Lisboa, encontrei com a Luiza, que também é da UFRGS, e uma excelente companhia pra passeios turísticos, cenas bizarras e desabafos saudosos. Todas as fotos são dela, fui também pra comprar minha tão esperada câmera.

Programa inicial:
Luiza: "Eu, amanhã de manhã, quero ir num museu que abre uma vez por ano só... tá a fim??" Krishna: "É de graça?"
Super bem informadas, fomos. Trata-se de galerias romanas, no subsolo do centro de Lisboa, descobertas no terremoto de 1755. Por causa das condições de acesso, o lugar só abre três dias no ano.

Durante nada menos de quatro horas, ficamos na fila, entretidas por esse pessoal. O seu Jorge fala sem parar, conhece várias línguas, viajou pelo mundo todo como engenheiro de uma companhia de petróleo, e sabe muitíssimos marcos históricos e geográficos. Ou mente muito bem.
(Várias tentativas de furo de fila foram pronta e furiosamente debeladas durante esse tempo.)


Na dúvida entre um painel com cerejas e uma porta como fundo, tiraram uma foto nossa na "porta portuguesa"...


Pois, a galeria fica embaixo da rua, parece que passa esgoto nos outros 362 dias do ano. Às vezes passa um bonde por cima, parece que vai vir tudo abaixo...


Enfim, o "criptopórtico". Cripto porque está escondido, pórtico porque o teto é abobadado. Simples assim.




Deve ter pouco mais de um metro de altura...


Claro que a gente tinha que tirar foto na portícula.


E nessa altura, nosso grupo sumiu e fomos convidadas a calar a boca por uma senhora do próximo. Não de forma muito graciosa...


Depois da fila e do criptopórtico, amor à primeira vista, entre a Luiza e a caneca.



Eu sou muito solidária, nunca ia deixar uma amiga com um problemão desses pra resolver sozinha.


Aqui também, índios fantasiados de índios pra ganhar uns trocados. Pelo menos aqui é em euro.

Évora e o intercâmbio

Para situar... vim parar em Évora há duas semanas, graças a um banco camarada (eu sabia que no fundo eles eram legais!) que decidiu conceder algumas bolsas pra UFRGS e pra várias outras universidades brasileiras. Escolhi a Universidade de Évora, a Universidade de Évora me aceitou... pronto, fico aqui até fevereiro.

Fui anotando algumas coisas aqui e ali, mas não comecei o blog antes principalmente por falta de câmera, que era muito mais barato comprar aqui. Enfim, respeitando a cronologia dos fatos, as primeiras impressões:

Os vôos: tranqüilos, os três, também graças ao diazepam. Refeições vegetarianas e tudo! Só senti falta daquelas informações de tempo restante, mapa, etc...

Barajas (uuhhh): depois do alerta dos famosos brasileiros barrados no aeroporto, investi um tempão em preparar uma pastinha com toda sorte de documentos, com cópias e numa "ordem de provável importância" estabelecida por mim. Pra nada. Só pediram meu passaporte. "Mas, mas... eu queria mostrar meu trabalhinho..." Com a simpatia tradicional que as polícias federais costumam dispensar aos estrangeiros, em 30 segundos carimbaram, e deu! A propósito, o aeroporto é mesmo gigante, tem mesmo um trem para levar de uma parte à outra, e é mesmo necessário.

Lisboa: primeira impressão, razoavelmente inquietante: não existe qualquer tipo de controle de bagagem! No aeroporto, na rodoviária, leva-se o que quiser. No ônibus, não põem nem um adesivinho, que seja, na mala. O taxista que me levou até a rodoviária achou estranho eu querer usar o ônibus, fez uma careta, disse que a estação era confusa, me acompanhou até a entrada, e terminou com um "É, é mais barato." Mas a estação é organizadinha, os ônibus são ótimos, e a estrada também. E tem uns carrinhos, muito legal... coloca uma moedinha pra tirá-los do lugar, e se devolver, retira! Super! Deve ter isso no Brasil, mas não em Porto alegre...

A acomodação: o consulado nos obriga a demonstrar onde vamos passar os primeiros dez dias. Por indicação da universidade, fiquei numa pensão bacana, meio cara pra uma pessoa, mas legal pra duas. Simples, mas super limpa, e o pessoal todo bem simpático. No balcão, para comodidade dos hóspedes, um papel colado com os horários de todas as missas. :)

Os portugueses: eu tinha uma imagem de pessoas mais formais, mais secas e mais sérias. Até agora, nada disso! Em geral, todos têm sido bem gentis... fui ver um quarto pra alugar com uma menina que insistiu em me dar o celular antigo, porque afinal, "é reciclagem". A dona da pensão me aconselhou a não fazer ligações de lá, porque sai muito caro. Também pra dar informações, as pessoas são super prestativas. O difícil (difícil mesmo) é encontrar um eborense na rua. Certo, é o fim do verão, mas ainda assim... ouve-se, pelo menos, espanhol, italiano e inglês por todo lado, sem contar as línguas incompreensíveis e os portugueses de outras partes.

Évora: a cidade é linda, linda, linda! É difícil, na mente de quem sempre estudou uma história que não viveu, passar por um templo romano e não ter a nítida sensação de se tratar de uma réplica. Aliás, andando por Évora às vezes tenho a sensação de estar numa espécie de parque temático histórico, porque a cidade tem registros de várias fases da história da península... desde monumentos megalíticos, templos e termas romanas, arquitetura árabe, catedral gótica, aquedutos do século XVI, uma universidade de cinco séculos, enfim...

Introdutoriamente falando, é isso!

Os próximos posts serão mais frescos e mais ilustrados...

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

O blog


Estamos no ano 2008 depois de Cristo. Toda a Europa está restrita aos brasileiros abastados... Toda? Não! Um intercâmbio para irredutíveis estudantes-viajantes ainda pode ser a alternativa. E a vida não será nada fácil para as guarnições de europeus avessos a estudantes-turistas-do terceiro mundo... estudantes-turistas-do terceiro mundo... estudistas-turistantes, estudeiros-turismundos, turismeiros-mundistantes...

Tá, a piadinha com o Asterix termina por aqui...

Ou não.

* O mapa e o título foram um presente muitíssimo amável do Luciano, meu muitíssimo talentoso namorado.


Depois de milhões de pesquisas, planejamentos engavetados, processos de seleção, intermináveis trâmites burocráticos e internéticos, 50 horas virtualmente sem dormir, 24 horas de viagem propriamente dita, enfã, Évora!

O propósito deste blog não é exatamente disponibilizar informações turísticas (ainda que se possa fazer isso também), mas compartilhar impressões, curiosidades, encurtar a distância dos meus, e ter um diário de viagem - que eu sempre quis fazer, mas sempre fui vencida pela indisciplina.

Assim, o eixo, por ora, vai ser o mui arbitrário critério "coisas que me chamam a atenção". São observações descomprometidas, de um grau de utilidade duvidoso.

Comentários comprometedores, observações maldosas, críticas muito ácidas ficam em off... assim como o meu registro de despesas, mas posso "disponibilizar as informações", se alguém quiser.